Hora de ter filhos? E agora?!

gravidosEu sempre morri de medo de ter um filho e nunca fingi o contrario. Fugi dessa ideia sempre, mas sabia que um dia meu status mudaria. A vida em alguma curva me faria pai.
Quando eu e minha esposa nos casamos senti que a corrida para a paternidade tinha começado e eu iniciei o processo de retardo com todas as idéias que poderiam ser um obstáculo a mais antes que pudéssemos cruzar a linha de chegada. Arrumar um emprego, viajar para outro país, comprar um carro, ter a casa própria, completar a faculdade… Eu estava no quarto ano da faculdade de arquitetura. Já estávamos casados havia quase oito anos quando minha esposa e eu entendemos que o momento estava chegando. Todos os obstáculos naturais e saudáveis para um casal, que eu havia colocado para determinar quando teríamos o primeiro filho já haviam sido alcançados, com exceção de um… Aos dezessete anos, assim que conclui o colegial, meu pai tinha uma vida financeira aparentemente estável e depois de muita conversa decidimos que eu iniciaria a faculdade de jornalismo logo após o ensino médio. Meus pais não queriam esse curso, mas achei que seria meu caminho. As coisas foram ficando ruins para as finanças dos meus pais e com meu primeiro emprego mal podia pagar os gastos de alimentação. Foi assim que precisei interromper meu curso justo no último ano. Não apenas tranquei a faculdade, mas fiquei com uma dívida astronômica para pagar.
Nove anos se passaram de quando eu tranquei o curso de jornalismo e lá estava eu no penúltimo ano de arquitetura. Minha vida tinha mudado muito, mas eu não fazia ideia de como mudaria muito mais.
O plano era fazermos todos os acompanhamentos médicos, nos preparamos e então engravidaríamos no meio do último ano da faculdade para que o bebê não viesse em meio às dificuldades do meu trabalho e do temido do TFG, ou trabalho de conclusão de graduação. Fomos no médico começamos os exames e minha esposa parou de tomar o anticoncepcional. O médico disse que pelo tempo que minha esposa havia tomado remédio levaríamos cerca de um ano para engravidar. Não foi assim…

Três meses depois que minha mulher parou com os remédios anticoncepcionais, mal começamos os exames e recebi a notícia que mudaria totalmente minha vida.

Eu estava no trabalho e meu celular tocou. Era a gata. – Hoje vou te fazer uma jantinha especial. – Ok – Respondi. Ela desligou.
Confesso que na hora eu soube. Meu pensamento quis me dar uma aliviada e tive a ideia de duas saídas para aquela ligação que eu nunca havia recebido antes: Ou essa noite vai ser muito boa, ou ela está grávida (palpitações). Não deu outra.
O resto do dia foi corrido como sempre e ainda fui para a faculdade. Só me lembrei da tal janta quando desci do ônibus já perto de casa. Foi eu por o pé na calçada e o fato me veio à memória (novas palpitações). Enfim, era apenas um jantar, não é mesmo?
Cheguei em casa, tivemos as mesmas conversas de sempre. -Oi tudo bem? – Tudo! – Vai tomar banho que vou esquentar a comida (Ué, e a janta especial? Ufa!). No chuveiro havia um shampoo de bebê da Johnson, ela nunca usou aquilo. Será que ela teria criatividade para fazer isso de propósito? Não pode ser. Imagina. Saí do banho e fui para a sala. A mesa de jantar estava arrumada e nos pratos haviam muitos objetos de criança e papinhas de bebê. Oi? Socorro? Entrei na casa errada?! A cena que se seguiu foi de um homem pálido passando vergonha. Perguntei pelo menos trinta vezes se era verdade e não conseguia entender porquê ela achava isso (mesmo com o teste de gravidez em uma caixinha sobre a mesa, com os dois risquinhos benditos). Minha esposa só ria esperando meu choque passar. – Vamos tirar uma foto para o bebê saber que o pai dele ficou feliz com a notícia (quem sabe a foto me acorda desse pesadelo!). Você está filmando?! – Isso mesmo… Ela filmou meu vexame.
À partir daí, minha vida mudou. Falamos com nosso filho na gestação todos os dias, oramos com ele, cantávamos e perguntamos sobre seu nome.
Elias… A mãe decidiu e Deus aprovou. Meu maior presente que ganhei do Senhor! A vergonha passou. O medo acabou. A vontade de cuidar desse filho que Deus me emprestou tomou conta de mim.

Fui consumido por esse amor.


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